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Colesterol do ovo: O mito mais que desmistificado

  • J.P.F. Rufino
  • 26 de fev. de 2018
  • 4 min de leitura

Estudos sobre colesterol e doenças cardíacas foram iniciados na década de 1960, e as primeiras observações relacionavam dieta com doença cardíaca. No início dos anos 70, a American Heart Association (AHA) publicou suas primeiras recomendações sobre dieta. Entre elas, foi sugerido um consumo de colesterol dietético inferior a 300 mg/dia (APPLEGATE, 2000).

A recomendação de, no máximo, 300 mg/dia de colesterol dietético para prevenir níveis altos de colesterol sérico e doença arterial coronariana (DAC) é empregada muitas vezes para justificar a ingestão restrita a 3 ou 4 ovos por semana. Um ovo contém aproximadamente 200 mg de colesterol, mas é excelente fonte de aminoácidos, vitaminas e carotenoides (VORSTER et al., 1995)

O ovo por se tratar de um alimento completo e de alta qualidade e preço acessível, torna-se um alimento mundialmente consumido. Rico em proteínas de alto valor biológico, vitaminas do complexo B, A, E, K, minerais como ferro, fósforo, selênio e zinco, carotenóides como a luteína e zeaxantina, e também fonte importante de colina, um importante componente do cérebro (HENRIQUE, 2002).

Demonstrando o seu incontestável valor nutricional, pode ser comparado ao leite materno, pois reúne todos os nutrientes necessários para a vida. Apesar dessa rica variedade de nutrientes, o ovo foi durante muito tempo relacionado como causa de complicações cardiovasculares, devido à quantidade de colesterol presentes em sua gema (225mg/unidade), por isso seu consumo por durante anos reprovado pelos especialistas médicos (WEGGEMANS et al., 2001).

O consumo de ovos no Brasil é relativamente baixo (129 ovos/ano) quando comparados a outros países. O México lidera o consumo de ovos no mundo com 342 ovos/ano, em seguida vem o Japão (330 ovos/ano) e a China (300 ovos/ano) (MOLINA, 2003). O consumo de ovos no Brasil vem sofrendo um processo de reabilitação graças às novas pesquisas, já que entre as décadas de 80 e 90 o consumo deste foi praticamente banido dos cardápios saudáveis.

A maior preocupação com a saúde, e a disseminação de notícias afirmando que o consumo de ovos possuía uma forte relação com o aumento das chances de desenvolvimento de doenças isquêmicas do coração, pode ser considerada a principal causa para diminuição do consumo deste alimento nacionalmente (CASTRO et al., 2004).

Devido à grande divulgação de informações sobre supostos malefícios do consumo de ovos, os avicultores começaram a disponibilizar aos consumidores diferentes tipos de ovos. Atualmente estão disponíveis no comércio os ovos light, enriquecidos com ômega 3, baixo teor de gordura e colesterol e/ou outras nomenclaturas, muitas vezes sem comprovação científica e utilizadas pelos fabricantes na embalagem para encarecer o produto final, e não trazendo em geral, nenhum benefício adicional ao consumidor (RAES et al., 2001).

Numa perspectiva moderna, os estudos epidemiológicos sobre o consumo do ovo e os riscos de doenças cardiovasculares, apesar de existirem em grande quantidade, são insuficientes para avaliar se há riscos e benefícios do consumo do ovo. Apesar deste alimento possuir uma quantidade razoável de colesterol, vários estudos epidemiológicos não encontram nenhuma relação entre consumo de ovo e risco de doenças coronárias (NOVELLO et al., 2006).

O desenvolvimento de mais pesquisas torna-se necessária para concretizar ainda mais estes resultados, e ajudar na conscientização do consumo benéfico do ovo. Quanto às doenças crônicas não transmissíveis como o câncer e a diabetes mellitus, os estudos são muito escassos, sendo necessária uma quantidade maior de pesquisas (NOVELLO et al., 2006).

No entanto, alguns estudos já demonstraram que o colesterol na dieta não está relacionado com o aumento do colesterol ruim no sangue. Os ovos aumentam o HDL (o bom colesterol) e não estão associados a um risco aumentado de doença cardíaca ou demais doenças da mesma ordem.

Além disso, os ovos possuem diversas características positivas a saúde humana, tais como: possuem pontuação alta em uma escala chamada índice de saciedade, o que significa que os ovos são capazes de trazer a sensação de satisfação comendo menos; são particularmente ricos em dois antioxidantes essenciais: luteína e zeaxantina; também são fonte de outros nutrientes revelados em várias tabelas nutricionais nacionais e internacionais; dentre outras.

Referências:

APPLEGATE, E. Introduction: nutritional and functional roles of eggs in the diet. Journal of the American College of Nutrition, v. 19, n. 5, p. 495-498, 2000.

CASTRO, L.C.V.; FRANCESCHINI, S.C.C.; PRIORE, S.E.; PELÚZIO, M.C.G. Nutrição e doenças cardiovasculares: os marcadores de risco em adultos. Revista Nutrição, v. 17, n. 3, p. 369-377, 2004.

HENRIQUE, A. Alimentos Funcionais - Parte 2. Revista Oxidologia, v. 2, p. 8-13, 2002.

MOLINA, C.A. México lidera consumo de ovos in natura, 2003. Disponível em: http:// www.avisite.com.br/noticias/maisnotss.asp?CodCategoria=&CodNoticia=3262&Mes=7 & Ano=2003. Acesso em 26 fev 2018.

NOVELLO, D.; FRANCESCHINI, P.; QUINTILIANO, D.A.; OST, P.R. Ovo: Conceitos, análises e controvérsias na saúde humana. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, v. 56, n. 4, 2006

RAES, K.; HUYGHEBAERT, G.; DE SMET, S.; NOLLET, L.; ARNOUTS, S.; DEMEYER, D. The Deposition of Conjugated Linoleic Acids in Eggs of Laying Hens Fed Diets Varying in Fat Level and Fatty Acid Profile. Journal of Nutrition, v. 132, n. 2, p. 182–189, 2001.

VORSTER, H.H.; BENADÉ, A.J.S.; BARNARD, H.C.; LOCKE, M.M.; SILVIS, N.; VENTER, C.S.; SMUTS, C.M.; ENGELBRECHT, G.P.; MARAIS, M.P. Egg intake does not change plasma lipoprotein and coagulation profiles. American Journal of Clinical Nutrition, v. 55, p. 400-410, 1992.

WEGGEMANS, R.; ZOCK, M.P.L.; KATAN, M.B. Dietary cholesterol from eggs increases the ratio of total cholesterol to high-density lipoprotein cholesterol in humans: a meta-analysis. American Journal of Clinical Nutrition, v. 73, p. 885–891, 2001.


 
 
 

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