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      A fim de auxiliar o desenvolvimento do jovem pesquisador e estimulá-lo a interpretar conceitos primordiais, basicamente as pesquisas na área de Zootecnia encontram-se estruturadas a partir das seguintes etapas: 

1ª Etapa - A questão inicial: todo pesquisador, ao iniciar suas atividades, deve levar consigo, além de um entendimento individual do conceito de ciência, que a mesma é impulsionada e sempre constituída por um questionamento. Toda investigação científica, inclusive na área de zootecnia, parte de um questionamento a ser respondido. E a partir da execução, coleta e análise dos resultados da pesquisa, objetiva-se encontrar esta resposta. A pesquisa zootécnica, com suas atribuições específicas, objetiva constatar, analisar e responder as questões relacionadas ao aproveitamento dos animais domésticos (e/ou silvestres), com o objetivo de manejá-los racionalmente como fonte de alimento e outras finalidades junto aos seres humanos, adaptando os animais ao ambiente criatório e, desta forma, aproveitando-os com finalidade nutricional e econômica.

2ª Etapa - A exploração do tema: é um assunto que se deseja desenvolver ou abordar derivado de um questionamento prévio, sendo uma etapa restrita ao desenvolvimento pelo pesquisador, pois este terá o dever de verificar a viabilidade cientifica, temporal e financeira da pesquisa. Todavia, vale ressaltar que mesmo esta etapa encontrando-se restrita ao domínio do pesquisador, a exploração do tema deve ser ampla e relevante não apenas a este, mas sim, aos benefícios que a pesquisa irá proporcionar como um todo para a sociedade.

3ª Etapa - A problemática: como descrito anteriormente, toda a pesquisa deriva da formulação ou constatação de um problema. Nesta etapa, objetiva-se o aprofundamento do tema a partir de uma questão sem solução momentânea, e que necessita de uma resposta (Ex.: alimento X pode ser utilizado na alimentação de bovinos? Como é a digestibilidade de alimento Y quando fornecido em rações para aves?). Sendo assim, sempre uma pesquisa científica zootécnica irá buscar uma resposta.

4ª Etapa - A questão inicial: a partir do problema, formulam-se as possíveis hipóteses, onde estas serão suposições com objetivo de explicar (responder) o que se desconhece, podendo haver uma, duas ou mais hipóteses com enunciado estabelecido de forma afirmativa e explicativa (Ex.: H0: alimento X em rações para suínos em terminação não melhora o desempenho; H1: alimento X em rações para suínos em terminação melhora o desempenho).

5ª Etapa - A construção do modelo de análise: eis aqui uma das grandes problemáticas da pesquisa científica zootécnica brasileira: a falta de cuidado, e muitas vezes conhecimento, acerca das metodologias estatísticas utilizadas em experimentos e estudos na área de zootecnia, a famigerada Experimentação Zootécnica. Esta, nada mais é do que um conjunto de conceitos, recomendações e metodologias que permitem a organização e instalação de experimentos, a coleta dos dados, e posterior análise dos resultados referentes a uma pesquisa científica na área de zootecnia. Aqui devem ser definidos o local do experimento, quais análises serão realizadas (digestibilidade, desempenho, qualidade da carne, rendimentos de carcaça, qualidade do ovo, qualidade do leite, composição centesimal dentre outras), quais variáveis irão ser analisadas, o delineamento experimental, quantos tratamentos deverão constar, quantos animais deverão ser utilizados/analisados, a distribuição dos animais, a metodologia de coleta e análise dos dados, dentre outras. Vale ressaltar que a análise estatística não se restringe à mera etapa final do estudo que visa a análise dos resultados como a grande maioria dos jovens científicas tem pensado. Se não houver uma definição e organização da metodologia estatística antes de iniciar a pesquisa, a organização, a coleta de dados, e a posterior análise dos resultados irão ser todos comprometidos, e consequentemente, haverá a perca da confiabilidade técnico-científica da pesquisa.

6ª Etapa - A coleta e análise dos dados: é a etapa referente a explicação detalhada de toda ação a ser desenvolvida durante a pesquisa, definindo-se a escolha e organização dos elementos a serem utilizados para amostragem e coleta dos dados, além da formatação da pesquisa de forma que possibilite uma eficiente e precisa análise dos resultados.

7ª Etapa - As conclusões: é a etapa final, onde os resultados obtidos serão apresentados, comentados, interpretados e discutidos em relação ao que se avançou no conhecimento do problema, com uma visão concentrada nos procedimentos do estudo reportado, com o foco ampliando sobre dados para sua interpretação. E, finalmente, concluir o que obteve-se com os resultados quanto aos objetivos traçados no início do desenvolvimento da pesquisa, quanto as limitações verificadas, assim como as propostas para estudos futuros.

Tipos de pesquisa que podem ser desenvolvidas na área de Zootecnia:

Estruturação lógica da redação científica na área de Zootecnia: pode ser classificada em três vertentes:

Projeto de pesquisa: pode ser considerado como um planejamento metodológico detalhado, elaborado por um pesquisador que pretende realizar uma investigação científica acerca de uma problemática identificada. O projeto de pesquisa deve demonstrar os questionamentos e elementos técnico-científicos que justificam a realização daquela pesquisa, além das técnicas e procedimentos a serem realizados pelo pesquisador em um período pré-estabelecido. Normalmente, os projetos de pesquisa encontram-se estruturados da seguinte forma:

     * Elementos pré-textuais

1. Título: deve ser claro, preciso, conciso e simples. Não deve conter jargões, abreviações ou excesso de adjetivos. Títulos com palavras específicas e de extensão limitada facilitam a "localização" do estudo quanto ciência.

2. Subtítulo: deve-se utilizar subtítulo apenas para clarificar, caso contrário ele é desnecessário. Subtítulos grandes podem gerar confusão, principalmente, pois estes participam apenas no auxílio da organização do texto.

3. Resumo e palavras-chave: devem conter entre 150 à 250 palavras (ou entre 900 à 1500 caracteres), em um só parágrafo, sem repetir o título. Cada frase deve ser uma informação e não apresentar citações. Toda e qualquer sigla deve vir precedida da explicação por extenso.

4. Abstract e Keywords: tradução concisa, objetiva e adaptada tecnicamente do resumo e das palavras-chave. Deve ser utilizado para universalização do projeto.

5. Sumarização: é o roteiro dos elementos da estrutura do texto. Facilita a localização de estruturas no texto e auxilia na organização do projeto. Deve ser regido pela ordem de apresentação dos elementos.

     * Elementos textuais

1. Tema: é um assunto que se deseja desenvolver ou abordar. Restrito ao desenvolvimento pelo pesquisador quanto a viabilidade cientifica, temporal e financeira da pesquisa, porém, deve respeitar a natureza ampla e relevante de uma investigação científica junto a sociedade.

2. Problema: é um elemento que decorre do aprofundamento do tema, onde constata-se uma questão sem solução momentânea, onde a partir da investigação científica deverá ser procurada uma resposta.

3. Hipóteses: a partir da identificação do problema, deverão ser formuladas as hipóteses com possíveis suposições na tentativa de explicar o que se desconhece acerca da problemática. Pode haver uma, duas ou mais hipóteses, com enunciado estabelecido de forma afirmativa e explicativa.

4. Objetivos: são elementos redigidos no verbo infinitivo. Podem ser avaliados, verificados ou refutados. Devem delimitar o domínio do que se deseja analisar ou pesquisar. Transcorrem de forma direta o que deseja se realizar, estudar ou analisar. São divididos em objetivo geral e objetivos específicos.

5. Justificativa: deve expressar a relevância técnica, científica, social e pessoal da pesquisa, além das razões que justificam o ponto de vista teórico e prático do projeto, as contribuições e impactos do projeto de pesquisa e possíveis soluções para a problemática.

6. Referencial teórico: constitui-se de um levantamento bibliográfico e consulta a literatura relacionada à pesquisa, a partir de uma abordagem teórica e filosófica. É o elemento que auxilia na contextualização da pesquisa e seus elementos científicos, filosóficos e sociais.

7. Metodologia: constitui-se de uma explicação detalhada de toda ação a ser desenvolvida durante o projeto de pesquisa, desde a escolha e organização dos elementos a serem utilizados, amostragem e coleta dos dados, até a formatação da pesquisa e análise dos dados.

8. Metas: compreende o tempo e os meios que serão utilizados para conquistar determinado objetivo proposto (Ex.: em X meses, os animais Y irão ganhar Z kg de peso vivo). A realização de cada meta deve estar comprometida com os objetivos e com a metodologia de pesquisa propostos anteriormente. Todo projeto de pesquisa pressupõe a definição de objetivos gerais e específicos capazes de orientar as atividades desenvolvidas com a finalidade de atingir as metas previstas. Antes de definir os objetivos específicos tampouco podemos elaborar as hipóteses de trabalho que possibilitarão atingir as metas traçadas. Basicamente, o objetivo representa o que o pesquisador deseja investigar, e a meta define como, aonde ou o que se pode alcançar.

9. Orçamento: é o relatório destinado as agências financiadoras, contendo o planejamento de valores necessários para execução do estudo. As despesas podem ser agrupadas em quatro categorias: pessoal, equipamentos e material permanente, material de consumo e serviços de terceiros e encargos.

10. Cronograma: é o planejamento de distribuição das diferentes etapas previstas para execução do projeto em determinado período. A organização racional do projeto deve ser executada, na medida do possível, conforme o planejado prévio.

     * Elementos pós-textuais

1. Referências: representam o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite a sua identificação individual. Pode ser definido como a organização de todos os autores citados no corpo do texto, obedecendo a padrões e normativas regidos pela ABNT e/ou adaptados conforme a instituição. É considerado elemento obrigatório.

2. Glossário: considerado um elemento opcional, o glossário, cientificamente falando, tem como função explicitar alguns termos que porventura possam ser desconhecidos aos olhos do leitor convencional, ou mesmo aqueles específicos do discurso científico, cuja capacidade de quem os identifica não é suficiente para decifrá-los. Assim, todos os termos devem, necessariamente, ser registrados em ordem alfabética, acompanhado de seus respectivos significados, assemelhando-se a um dicionário.

3. Apêndice: também de natureza opcional, é constituído de textos e documentos elaborados pelo próprio autor, cuja finalidade é complementar o trabalho. A maneira como devem ser elaborados segue uma forma padronizada, identificada por letras maiúsculas consecutivas, seguidas de travessão e do respectivo título (Ex.: APÊNDICE A – Questionário; APÊNDICE B – Entrevista).

4. Anexos: também de natureza opcional, representam os textos e documentos não elaborados pelo autor, os quais cumprem o papel de conferir uma complementação ao trabalho. Graficamente são representados por letras maiúsculas e em ordem alfabética, seguidas de travessão e do respectivo título (Ex.: ANEXO A – Produções textuais da amostragem verificada; ANEXO B – Organograma da empresa “X”).

5. Índice: trata-se de um elemento opcional, cujo intuito é listar palavras ou frase organizadas com base em critérios distintos, facilitando a localização de tais elementos no interior do texto científico (Ex.: CINOSCEFALE Píndaro de, 13, 14).

Trabalho acadêmico: é um documento que representa o resultado de um estudo, devendo ser emanado de disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e/ou outros ministrados e exigidos por instituições de ensino superior e/ou técnico. O trabalho acadêmico, geralmente, é classificado em:

     * Monografia ou TCC: é um trabalho acadêmico Lato sensu que tem por objetivo a reflexão sobre um tema ou objeto (problema) específico e que resulta de processo de investigação sistemática. Estes tratam de temas delimitados, a partir de análise, crítica, reflexão e aprofundamento por parte do autor.

      * Dissertação: é um trabalho acadêmico Stricto sensu que se destina à obtenção do grau de mestre. Não precisa obrigatoriamente abordar temas e/ou métodos inéditos, e deve demonstrar a habilidade que o pesquisador possui para realizar estudos científicos e abstrair conceitos em uma área de formação específica.

    * Tese: é um trabalho acadêmico Stricto sensu que apresenta uma contribuição inédita para a comunidade científica, com o pesquisador objetivando a obtenção do grau acadêmico de doutor. O pesquisador deve defender uma ideia, um método, uma descoberta, uma teoria e/ou uma conclusão obtida a partir de estudos científicos.

     * Considerações sobre os trabalhos acadêmicos:

1. Estrutura lógica de construção da pesquisa:

          Introdução: definição do tema, objetivos, justificativa, metodologia e plano de ação; 

          Desenvolvimento: coleta e análise dos dados, resultados e discussão; 

          Conclusão: posicionamento reflexivo, interpretação crítica e ponto de vista sobre os resultados do trabalho;

2. Plano de ação: pode ser considerado um conceito de certa forma novo, onde consiste em uma ferramenta organizacional imprescindível para o pesquisador. Esta traça tudo aquilo que será realizado no que corresponde a pesquisa que irá gerar futuros trabalhos acadêmicos. Para elaborar um Plano de Ação, em primeiro lugar, você deve estabelecer quais são seus objetivos (Coluna 1), programar as ações a serem realizadas em prazos e períodos pré-estabelecidos (Coluna 2), e avaliar como serão atingidas as metas e atividades considerando possíveis obstáculos e problemas a serem superados durante a execução da pesquisa (Coluna 3).

3. Apresentação gráfica de um trabalho acadêmico:

 

 

 

 

- Publicação científica: pode ser definida como uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados em diversas áreas do conhecimento técnico-científico. Podem ser classificadas como trabalhos destinados e/ou publicados em congressos e eventos (resumos simples, resumos expandidos ou trabalho completos) e artigos científicos destinados e/ou publicados em periódicos (artigos científicos originais, artigos de revisão, comunicações "short communication" ou relatos de caso). Para mais informações sobre a publicação de artigos científicos clique aqui.

Observações:

1. Estrutura da dissertação/tese em formato de artigo: é um conceito novo, que pode ser popularizado, melhor trabalhado, e vem de encontro a política recente das instituições de ensino e pesquisa, que objetiva facilitar e estimular a publicação dos resultados derivados de trabalhos acadêmicos na forma de artigos científicos. Quando adotada, a estrutura do(s) artigo(s) deve ser inserida nos elementos textuais e pós-textuais do trabalho acadêmico de forma a facilitar a publicação dos resultados destes. Vale ressaltar, que a estrutura deve considerar a quantidade de artigos no trabalho acadêmico, e uma sequência lógica conforme a estruturação da pesquisa quando houver mais de um artigo.

2. Publicação dos resultados: ao realizar um projeto de pesquisa, coletar e analisar os resultados, estes podem ter quatro destinos pré-definidos: originar relatórios técnicos para as instituições/empresas de fomento; originar trabalhos acadêmicos para obtenção de grau acadêmico especificado; originar publicações de cunho científico (resumos ou artigos); ou mesmo não serem publicados, destino que infelizmente ainda encontra-se muito presente nas instituições de pesquisa no Brasil por inúmeros motivos, tais como: pequisas mal delineadas, conduzidas, organizadas e analisadas; conflitos de interesse entre os autores responsáveis, desinteresse por parte dos pesquisadores em realizar pesquisas científicas, dentre outros.

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