
A fim de auxiliar o entendimento do jovem pesquisador, em periódicos nacionais, basicamente os artigos originais na área de Zootecnia encontram-se estruturados da seguinte forma:
• Título: deve ser curto, de certa forma simples, utilizar termos técnicos da área, ser concisos e indicar o conteúdo e essência do trabalho. de preferência, deve-se evitar termos "consagrados" como “estudo”, “exame”, “análise”, “efeito”, “influência”, “avaliação” etc., e de preferência que não ultrapasse 20 termos (palavras) em sua composição.
• Título em inglês: tradução do título a fim de internacionalizar o trabalho. Não deve ser uma tradução "ao pé da letra" do título, ou seja, simplesmente traduzir os termos do título para a língua inglesa. Deve-se levar em consideração que as regras de construção de frases e textos na língua inglesa diferem das regras de construção textual da língua portuguesa, portanto, deve-se escrever o título em inglês de forma que este mantenha a proposta do título em português, sem ser uma tradução literal e redigido de forma técnico-científica adequada.
• Autores e filiação: a maioria dos periódicos solicita que os autores e referências textuais ao local de execução da pesquisa sejam retirados do texto antes da submissão, a fim de manter o princípio da "blind review", ou seja, para que haja uma revisão voltada primordialmente para a qualidade e mérito científico do artigo, e evitar o famigerado "coleguismo científico". Se, e quando, o mesmo for aceito para publicação, os autores são inseridos no trabalho e a filiação é consultada pelo periódico junto aos autores antes da publicação. Quando for sugerir a filiação, pode-se seguir o seguinte modelo:
- Acadêmico de Graduação: Curso, Unidade Acadêmica, Instituição, Cidade, UF, País.
- Acadêmico de PG: Formação acadêmica (Ex.: Zootecnista), Programa de PG, Unidade Acadêmica, Instituição, Cidade, UF, País.
- Pesquisador: Grau de formação (Formação acadêmica/Mestre/Doutor), Instituição de Pesquisa, Cidade, UF, País.
- Professor/Pesquisador: Grau de formação, Departamento, Unidade Acadêmica, Instituição de Pesquisa, Cidade, UF, País.
- Iniciativa Privada/Pesquisador: Grau de formação, Instituição/Empresa, Cidade, UF, País.
- Autônomo: Grau de formação + Autônomo (Ex.: Zootecnista Autônomo), Cidade, UF, País.
• Resumo: geralmente devem conter entre 200 e 250 palavras, condensadas em um só parágrafo. Cada frase deve ser uma informação sucinta e não apresentar citações. Deve-se iniciar pelos objetivos, conter uma breve descrição da metodologia, apresentar os resultados mais relevantes, seguidos pelas conclusões. Vale ressaltar que toda e qualquer sigla deve vir sucedida por uma explicação por extenso.
• Abstract: tradução do resumo a fim de internacionalizar o trabalho. Novamente, não deve ser uma tradução literal do resumo, ou seja, simplesmente traduzir os termos do mesmo para a língua inglesa. Deve-se levar em consideração que as regras de construção de frases e textos na língua inglesa diferem das regras de construção textual da língua portuguesa, portanto, deve-se escrever o Abstract em inglês de forma que este mantenha a proposta do resumo em português, sem ser uma tradução literal e redigido de forma técnico-científica adequada. Os pesquisadores relatam que o Abstract deve ser redigido de forma a permitir que o trabalho e seus resultados possam ser lidos, identificados e contextualizados por outros pesquisadores em qualquer lugar do mundo.
• Palavras-chave e Keywords: devem estar entre três e cinco termos, vir em ordem alfabética (mesmo em inglês), separados por vírgulas ou ponto-e-vírgula, com ou sem ponto final. Devem ser termos com informações que permitam a compreensão, indexação e busca do trabalho em plataformas de pesquisa. Não devem ser utilizados como palavras-chave/keywords, termos que já constem no título.
• Introdução: deve conter um número aproximado de 2.500 caracteres com espaços (podendo ter uma tolerância de 500 caracteres com espaços para mais ou para menos). Deve ser construída de forma clara e objetiva, contendo uma explanação intrínseca do problema e da temática investigada, sua pertinência, a justificativa quanto realização da pesquisa, hipóteses e, ao final, deve indicar o objetivo quanto a realização do trabalho.
• Metodologia (Material e métodos): deve apresentar seqüência lógica da descrição do local de execução da pesquisa (pode ser mais de um), do período de realização da pesquisa (quando julgar necessário citar), do modelo estatístico experimental para implantação da pesquisa, dos materiais e das técnicas utilizadas de forma objetiva e informativa, bem como a análise estatística utilizada para avaliação dos dados coletados. Técnicas e procedimentos de rotina recomenda-se que sejam apenas referenciados, pois são de uso comum na comunidade acadêmica (Ex.: análises bromatológicas segundo Silva e Queiroz (2002); rações formuladas segundo as exigências nutricionais propostas por Rostagno et al. (2011)). Atualmente, recomenda-se, e alguns periódicos tem solicitado obrigatoriedade, que pesquisas que envolvam seres humanos e animais como objeto direto de investigação científica devam apresentar parecer de aprovação pelo Comitê de Ética e Biossegurança da instituição no qual foi executada.
• Resultados e discussão: os resultados podem ser apresentados como um elemento textual individual ou juntamente com a discussão, em texto corrido com o auxílio ou não de ilustrações, gráficos e tabelas. Deve-se interpretar os resultados no trabalho de forma consistente, recomendando-se evitar comparações desnecessárias (Ex.: T4 é melhor que T3), além de utilizar as citações de forma a auxiliar na explicação e elucidação dos resultados, e não apenas para medida de comparação (Ex.: excesso de expressões como "Os resultados obtidos foram superiores aos encontrados por..."). Estas comparações, quando pertinentes, devem ser discutidas e realizadas de forma a facilitar a compreensão do leitor.
• Conclusão ou Conclusões: podem ser apresentadas como elemento textual individual (mais comum) ou como um parágrafo ao final da discussão (sem ser item independente). Não devem ser uma repetição dos resultados e devem responder claramente aos objetivos propostos e expressos no anteriormente no artigo.
• Agradecimentos: é um elemento textual de uso é opcional, sendo geralmente utilizado para agradecimento de financiamentos dos trabalhos de pesquisa e/ou pessoas envolvidas na execução da mesma.
• Referências: devem ser relacionadas em ordem alfabética pelo sobrenome e contemplar todas aquelas citadas no texto. Menciona- se o último sobrenome em maiúsculo, seguido de vírgula e as iniciais abreviadas por pontos, sem espaços. Os autores devem ser separados por ponto e vírgula. As referências podem ser separadas entre si, ou estarem dispostas em parágrafos seguidos. Atualmente, os periódicos tem exigido que, no mínimo 60 a 80% das referências, devam ser de artigos publicados nos últimos dez anos, e ou livros (quando houver necessidade). Além de recomendar (ou mesmo exigir) que não se utilizem referências de anais, da internet, teses, dissertações, monografias, exceto que seja justificada a sua inserção no artigo e desde que não exceda o percentual proposto pela mesma.
• Dicas e conceitos para construção de um artigo científico original na área de Zootecnia:
- A publicação em periódico especializado em qualquer área é o meio mais efetivo de divulgação de um trabalho científico, portanto, deve ser o mais valorizado;
- A redação de um artigo científico nada mais é do que um relatório sobre um projeto ou pesquisa executados;
- A redação científica é a ferramenta de construção do artigo, tendo preferência pela simplicidade, clareza, precisão e coerência;
- O PESQUISADOR NÃO ESCREVE ARTIGOS CIENTÍFICOS PARA SI PRÓPRIO! Portanto, mesmo que o autor tenha predileção por um estilo em especial de escrita, deve-se sempre trabalhar o texto de forma que qualquer leitor (da área ou não) possa compreender o seu artigo;
- Como o trabalho deriva de um estudo já realizado, naturalmente o texto deve ser redigido no tempo pretérito;
- Além das normas textuais, sempre verifique as normas de formatação de texto, tais como espaçamento, margens, número total de páginas, numeração da página dentre outros;
- Muitos periódicos tem prezado pela máxima científica americana: "cada frase uma informação!", ou seja, preconizando que o texto seja construído com a maior e melhor objetividade possível, porém, sem omitir informações importantes que estejam relacionadas à pesquisa como um todo.
• Armadilhas encontradas na redação de um artigo científico original na área de Zootecnia:
- Periódicos predatórias: existem periódicos que enviam constantemente e-mails aos pesquisadores, oferecendo condições de publicação de artigos facilitadas, mas ao mesmo tempo de qualidade duvidosa, além de cobrarem taxas de certa forma "abusivas" para publicação dos mesmos. Deve-se sempre verificar os critérios que estes periódicos possuem para análise, aceite e publicação dos artigos, e se possuem algum tipo de avaliação quanto à sua relevância para o meio científico (Qualis ou Fator de impacto). Recomenda-se sempre cuidado, e de preferência, evitar publicar artigos junto a estes periódicos;
- Inexperiência: nenhum pesquisador nasce sabendo escrever artigos, isto é fato! Recomenda-se que aquelas que desejem seguir pela carreira científica devam construir sua carreira como um atleta, por exemplo, iniciando pela base ainda na universidade (cursos de graduação, participando de Programas de Iniciação Científica, aprendendo a escrever textos científicos simples, resumos, construir, instalar e analisar experimentos, leitura de textos e artigos científicos da área, dentre outros), construindo uma carreira até estabelecer-se como protagonista no meio científico de sua área (Mestrado, Doutorado e/ou trabalho em instituições de pesquisa, aprendendo e aperfeiçoando a escrita científica para composição de projetos, artigos e execução e/ou desenvolvimento de metodologias mais avançadas de pesquisa), até atingir publicações de alto impacto que contribuam de forma significativa para o meio científico, e o tornem, naturalmente, reconhecido dentre os demais. Vale ressaltar que mesmo que o jovem pesquisador não seguindo esta sequência lógica, principalmente por não ter contato com pesquisa durante a graduação (situação muito comum no Brasil), o mesmo pode enveredar pela investigação científica, porém, naturalmente, com certa dificuldade para elaboração, desenvolvimento, análise e escrita científica;
- Inglês: eis que esta talvez seja uma das principais problemáticas que tem acometido os pesquisadores brasileiros, o famigerado "inglês técnico". Mesmo que o pesquisador seja fluente na língua inglesa, este pode ter dificuldades para publicação de artigos, chegando a receber a famosa recomendação técnica que seu trabalho encontra-se com "poor english". Neste caso, mesmo que o autor tenha redigido o texto na forma correta da escrita e construção textual da língua inglesa, o texto precisa ser desenvolvido utilizando as terminologias técnicas corretas da área, além estar estruturado com uma dinâmica textual que permita a "universalização do texto", ou seja, que o mesmo possa ser lido e interpretado por qualquer pesquisador com domínio da língua inglesa. Talvez, o melhor conselho para aperfeiçoamento do inglês técnico, além da realização de intercâmbios institucionais, é a leitura constante e habitual de textos em inglês. Muitas vezes, vale mais a pena investir no hábito contínuo da leitura e interpretação de artigos científicos em inglês para aperfeiçoamento do inglês técnico, ou mesmo tentar um período de 6 meses a 1 ano de intercâmbio junto a universidades e centros de pesquisa no exterior, do que pagar um cursinho de inglês de 4 anos. Todavia, o autor também pode recorrer a empresas de tradução especializada a fim de equacionar esta problemática junto aos periódicos;
- Orientação: por mais que pareça um clichê dos periódicos a solicitação de uma declaração dos autores quanto a existência ou não de conflito de interesses para submissão e publicação futura de artigos, é uma medida necessária, pois, pode haver algum tipo de conflito por parte dos autores do trabalho, sendo de certa forma que os mais comuns sejam entre o orientado e o orientador. Neste caso, estes problemas podem estar associados a divergências pessoais, acadêmicas, científicas, institucionais, dentre outras. Todavia, vale ressaltar que um bom relacionamento do pesquisador com o orientador e a equipe de pesquisa é fundamental para a obtenção do sucesso na execução e publicação de uma pesquisa na forma de artigo cientifico.
- Qualis CAPES: o próprio Qualis CAPES, que é o parâmetro mais utilizado pelos pesquisadores nacionais para escolha de periódicos para publicação de artigos, pode se tornar um problema, tendo em vista que este é um recurso utilizado exclusivamente por pesquisadores brasileiros, com o Fator de Impacto (JCR) predominando como parâmetro internacional de relevância científica dos periódicos. Ao utilizar apenas o Qualis CAPES como parâmetro de escolha, o pesquisador restringe-se na maioria das vezes apenas a publicar em periódicos nacionais, o que acaba se tornando um empecilho para o pleno desenvolvimento científico do mesmo, pois os melhores e mais relevantes periódicos mundiais encontram-se todos no exterior, e em muitos casos, podem não encontrar-se indexados no Qualis CAPES. Recomenda-se que haja um equilíbrio entre estes fatores durante a escolha de um periódico para publicação de artigos, ou seja, deve-se verificar a classificação do mesmo tanto junto ao Qualis CAPES, quanto a existência de um Fator de Impacto, ou mesmo a relevância do mesmo para a área de Zootecnia.
- Vícios científicos: quando o pesquisador tende a começar a publicar muitos artigos consecutivos, principalmente na mesma revista, ele naturalmente tende a pensar que apenas um estilo unitário de investigação e escrita científica serão capazes de tornar quaisquer textos científicos em artigos publicados. A partir desta máxima, deve-se sempre lembrar do adendo primordial da ciência: a ciência, independente da área de investigação, é dinâmica, universal e encontra-se em constante atualização, consequentemente, a escrita científica deve acompanhar esta linha de raciocínio, e o pesquisador deve estar sempre pronto para constante atualização de seus conhecimentos, todavia, sem perder sua originalidade e criatividade, pois, na ciência busca-se sempre a descoberta, a atualização e a investigação de fatos que contribuam de alguma forma para o desenvolvimento da sociedade.
• Elementos complementares:
- Conteúdo: por mais que a estrutura se assemelhe entre os artigos, o conteúdo sempre ira diferir, pois, quando o autor se propõe a escrever, estruturar, submeter e publicar um artigo original, ele deve assumir um compromisso de publicar algo inédito, nem que seja uma releitura de resultados publicados por outros autores. O artigo científico traz consigo a proposta de apresentar alguma novidade a comunidade científica, e na área de Zootecnia, esta pode ir desde a apresentação de novos resultados pertinentes a uma área específica, passando por uma releitura de resultados ou conceitos já existentes, até a quebra de conceitos e paradigmas a anos estabelecidos em uma temática da área.
- Elementos visuais: não são verificados corriqueiramente em artigos na área de Zootecnia. Mas, quando inseridos, devem ser mencionados no texto como Figura (por extenso) e referem-se a qualquer ilustração constituída ou que apresente linhas e pontos: desenho, fotografia, gráfico, fluxograma esquema etc, e auxiliar no entendimento do conteúdo proposto no artigo. Os desenhos, gráficos e similares são solicitados que estejam em tinta preta, com a melhor nitidez possível. As legendas recebem inicialmente a palavra Figura, seguida do número de ordem em algarismo arábico, podendo ou não conter ponto final (Ex.: Figura 1. Produção de leite de vacas Holandesas suplementadas ou não durante o inverno.). Chama- se a atenção para as proporções entre letras, números e dimensões totais da figura. Caso haja necessidade de redução, esses elementos também são reduzidos e correm o risco de ficar ilegíveis. O título da figura deve ser formatado de maneira que a partir da segunda linha o texto se inicie abaixo da primeira letra do título e não da palavra Figura. Devem vir o mais próximo possível, após sua chamada no texto.
- Tabela x quadro: muitos pesquisadores se confundem quando a estas denominações, porém, os mesmos possuem uma diferença visual e contextual em sua apresentação. As tabelas não possuem linhas verticais, e utilizam as horizontais apenas para separar as seções dentro das linhas neste sentido, sendo comuns para a apresentação de resultados, composição centesimal de análises bromatológicas e rações, tratamentos na metodologia, dentre outros. O título da tabela pode ser formatado ou não de maneira que, a partir da segunda linha, o texto se inicie abaixo da primeira letra do título e não da palavra Tabela. Ao final do título pode conter ou não ponto final. Os quadros possuem todas as suas seções de conteúdo interno delimitadas por linhas horizontais e verticais, podendo ser utilizadas para apresentação de cronogramas, orçamentos, questionários, dentre outros. Ambos podem conter legendas na parte inferior indicando informações acerca dos elementos presentes na tabela/quadro.
- Simbologia: todos os símbolos, nomeclaturas, sistemas de equações, representações e abreviações deverão obedecer o Sistema Internacional (SI) de medidas.