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      O ensino formal da produção animal nasceu em 1848 na França, com a criação pelo Conde de Gasparin, no Instituto Agronômico de Versailles, de uma cadeira destinada ao estudo dos animais domésticos como um corpo independente de doutrinas denominada como Zootechnie, Zootecnia no português, desligando-se do ensino vigente da Agricultura Geral. Os candidatos às cadeiras de professor de Zootecnia deviam expor numa tese, os planos de ensino da matéria que desejavam lecionar; desta forma em fins de 1849, um jovem naturalista chamado Émile Baudement, conquistou a aprovação unânime dos membros do júri, pelas suas idéias inovadoras, explicando em sua dissertação, que a Zootecnia é uma ciência que explica os acontecimentos para constatar os fatos: "Dire que la Zootechnie est une science c'est exprimer un voeu et un besoin plutôt que constater un fat". Portanto, a Zootecnia deixou de ser somente uma prática que se aprendia com a “lida” com o gado, para ser também uma arte ou ciência aplicada que se apreende observando e experimentando, conforme definiu Cornevin em 1881. A Zootecnia então entendida como ciência complexa deveria evoluir sendo ensinada nas universidades e centros de altos estudos, teve com estas idéias se dispersado pelo mundo civilizado.

      A expressão Zootecnia veio inicialmente a ser adotada somente pelos povos de origem latina e alemã, porquanto os ingleses (nos países de língua Inglesa o termo foi substituído pela nomenclatura Animal Science) e demais povos europeus, e ainda os americanos não a utilizavam, nem reconheciam no Zootecnista francês Baudement o primeiro professor da Arte e Ciência da criação animal. Na linguagem científica do século XIX e na primeira metade do XX passou-se a empregar com mais intensidade o termo Zootecnia, porém, ainda de maneira marginal, como uma classe a mais dentro de um grupo de atividades e, quase sempre, com um significado incerto. No entanto, como reafirmou Octávio Domingues em seu trabalho “Considerações sobre o ensino da Zootecnia”, em 1944, que na Encyclopedia of American Agriculture, (vol. III, pg. 273, de Bailey), deparamos o vocábulo Zootechny para designar “o conhecimento, a prática e as indústrias concernentes à criação dos animais”.

        Assim surgidas formalmente na Europa como conseqüência ao impulso dado pela Revolução Industrial, as Ciências Agrárias, incluindo a Zootecnia, definiram rapidamente seu objeto de trabalho tanto como Ciências da órbita acadêmica quanto como profissões específicas. Com o surgimento das profissões agrárias, nomeadas de agricultura científica e que, aliás, eram bem diferentes aos ofícios gerados pela agricultura prática, tentava-se articular os desenvolvimentos regidos nas ciências básicas (química, biologia, botânica, zoologia e genética) à solução dos problemas práticos próprios das atividades agropecuárias. Alguns autores têm sugerido que a consolidação das Ciências Agrárias e de suas profissões associadas, além das novas práticas agrícolas que surgiram a partir de seu desenvolvimento, foi possível porque a sociedade européia estava procurando mudanças nas técnicas agropecuárias.

        Outro importante aspecto foi considerado na definição de Zootecnia elaborada por Octávio Domingues em 1929, que assume ainda uma alta relevância no desenvolvimento desta área de conhecimentos nas regiões tropicais do planeta: a adaptação dos animais ao clima. Disse o patrono da Zootecnia brasileira: “herdeiros da cultura latina, particularmente da cultura francesa, em ciência, nós brasileiros importamos para aqui, inicialmente, as virtudes e também os defeitos da Zootecnia criada por Baudement e levada ao apogeu por Cornevin. Daí o embaraço em que ainda nos debatemos em considerar uma ”Zootecnia geral” de um lado, e uma ”Zootecnia especial”, do outro, como faziam. No caso do Brasil houve um fator, que nos outros casos não teve tanto efeito. Foi o fator clima, que influiu notadamente na prática da criação. E só não influiu, decisivamente, na parte teórica, porque esta nasceu por transplantação, com a importação de professores e livros europeus, ou melhor, franceses ou de cultura francesa. É inegável, todavia, a necessidade de nos submetermos, nós teóricos, à imposição do meio, a ponto de precisarmos reformar a Zootecnia na sua própria definição. Como conheceis a definição que, a propósito cheguei a formular, baseando-a no fenômeno da adaptação. Por que? Nada mais fácil de responder. Porque a adaptação do animal doméstico ao meio ambiente, e ainda, a adaptação desse meio no próprio animal, constituem a essência de todo o trabalho do criador. Criar animais domésticos, numa região tropical é um esforço que gira em torno da adaptação: adaptação do gado ao ambiente criatório, adaptação do meio ao animal que deve ser explorado. Então, é lícito ao Zootecnista brasileiro definir a Zootecnia de modo diferente do que vem sendo feito pelos Zootecnistas do outro hemisfério, onde o fenômeno da adaptação deixou de existir, como um problema a resolver, ou não se apresenta com o relevo que deparamos entre nós. Para o Zootecnista brasileiro, ela não é apenas “a ciência da produção e da exploração das máquinas vivas”, como a definiu Sanson. Porque para realizar essa tarefa, nas regiões como o Brasil, a adaptação vai ser o trabalho primordial e básico, anterior a todos os outros. Daí impor-se uma nova definição para a Zootecnia dos trópicos, e que podemos enunciar nos seguintes termos: “É a ciência aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e deste aquele”.

         Em conceito moderno e aperfeiçoado, a Zootecnia define-se como a ciência que visa aproveitar as potencialidades dos animais domésticos, com a finalidade de explorá-los racionalmente como fonte de alimento e outras finalidades junto aos seres humanos, adaptando os animais ao ambiente criatório e, desta forma, aproveitando-os com finalidade nutricional e econômica. Ao conhecimento biológico do animal soma-se também os princípios da economia e da produção de alimentos, visando suprir o mercado com produtos adequados para a alimentação humana. Pode-se dizer que o seu principal objetivo é "produzir o máximo, no menor tempo possível, sempre visando lucro, tendo em conta o bem estar animal".

      Segundo a Associação Brasileira de Zootecnistas (ABZ), o Bacharel em Zootecnia ou Zootecnista atua na produção animal, preservação da fauna, criação de animais de companhia, lazer e esporte, sendo profissional essencial em todas as atividades agropecuárias. É capaz de gerenciar, planejar e administrar empreendimentos do agronegócio, como fazendas, granjas, agroindústrias, envolvendo-se desde a produção até a comercialização, dinamizando e tornando eficaz o processo. Atua em todos os setores da produção animal desde a nutrição, melhoramento genético, reprodução, sanidade até administração rural, respeitando o bem-estar animal, considerando a sustentabilidade econômica e ambiental da propriedade, levando ao consumidor produtos de origem animal com qualidade e biossegurança. Desenvolve atividades que visam à preservação do meio ambiente por meio da defesa da fauna e orientação da criação das espécies de animais silvestres. É um profissional que atua ainda em biotecnologias como manipulação genética, marcadores moleculares, biotécnicas reprodutivas e nutricionais. Desenvolve pesquisas em instituições públicas ou privadas, gerando conhecimento e tecnologia, informando e implementando pelo ensino e extensão rural.

           O Bacharel em Zootecnia ou Zootecnista pode atuar em atividades relativas ao agronegócio, com animais silvestres, de companhia, de esporte e lazer, tanto em âmbito público como privado, em fazendas e granjas; em estabelecimentos agroindustriais; em indústria de rações, fármacos, produtos biológicos e outros insumos para animais; em instituições de ensino e centros de pesquisa; em empresas de consultoria agropecuária; em comercialização de insumos e produtos agropecuários.

           Como áreas, a Zootecnia engloba Nutrição animal; Ciências do Solo e Forragicultura; Biologia Molecular e Melhoramento Genético Animal; Produção Animal em Culturas Zootécnicas; Gestão em Agronegócio; Biotecnologias Aplicadas em Zootecnia; Atividades Agropecuárias com Sustentabilidade Ambiental; Tecnologia e Biosseguridade dos Produtos de Origem Animal; Sociologia e Extensão Rural; Criação e Preservação de Animais Silvestres; Criação de Animais de Companhia, Lazer e Esportes dentre outras.

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